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Inteligência Artificial, Advocacia e Lawtechs – Parte 2

15/02/2021

O espaço em que se desenvolvem as lawtechs está em expansão.

Conhecendo as alternativas de aplicação de Inteligência Artificial (IA) em setores que alcançam diretamente os serviços prestados por escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, é importante, igualmente, observar os principais aspectos do ecossistema que agrega as empresas que oferecem diferentes soluções utilizando tecnologia jurídica (legal technology), startups conhecidas como lawtechs.

Primeiramente, é preciso distinguir as expressões lawtech e legaltech e explicar a opção deste conjunto de textos pela primeira. Legaltech associa-se as tecnologias de back office e a compreensão em língua inglesa do setor a que se vinculam (legal sector). Lawtech, por sua vez, designa as inovações tecnológicas que estão transformando o mercado de serviços jurídicos, voltadas não apenas para os escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, mas também para os clientes desses serviços. É, portanto, mais abrangente ao englobar o uso da tecnologia no direito e mais recorrente entre os investidores¹.

O espaço em que se desenvolvem as lawtechs está em expansão. No Reino Unido, por exemplo, estimam-se investimentos superiores a 290 milhões de libras. Naquele país foi criado um ambiente de P&D para inovar, testar e aprender, abrigando iniciativas que pretendem reinventar a forma como os serviços jurídicos são entregues.

Isto se enfatiza quando é percebido o crescimento no uso de serviços providos por lawtechs, tais quais pesquisa jurídica, compliance, risco regulatório, revisão de documentos e e-discovery². Esta é uma tendência que se confirma em pesquisa apontando que 22% dos escritórios de advocacia que compuseram amostra de 649, sediados em todas as regiões geográficas do Brasil, já fazem uso dos serviços oferecidos pelas lawtechs³. Nos Estados Unidos, survey com 362 escritórios de advocacia identificou que 64% estão usando ferramentas tecnológicas, 63% estão fornecendo treinamento e apoio contínuos para gestão de projetos e 49% possuem programas formais de gestão do conhecimento4.

Os objetivos de integração tecnológica dos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos se respaldam na apreensão dos gaps envolvidos na gestão desses espaços, tais quais aqueles associados ao tempo de entrega dos serviços, custos, precisão das respostas oferecidas aos clientes, gestão e prevenção de riscos.

É, pois, na intersecção entre as necessidades de adaptação, inovação e aperfeiçoamento que as lawtechs encontram terreno fértil para sua expansão. No Brasil, particularmente, onde existe expressiva quantidade de dados jurídicos disponíveis em acesso público, multiplicam-se as soluções vocacionadas a reduzir o tempo dedicado a tarefas repetitivas. Este movimento, sem dúvidas, revela mais um dos aspectos de transformação da profissão jurídica, exigindo adaptação e postura empreendedora.

Por: Wilson Sales Belchior

¹ LEGAL GEEK. #LegalTech v #LawTech – WTF?, 11/04/2018. Disponível em: <https://www.legalgeek.co/learn/lawtech-legaltech-wtf/>. Acesso em: 03 ago. 2020.

² THOMSON REUTERS. 2020 Report on the state of the Legal Market. Disponível em: <https://legalprof.thomsonreuters.com/LEI_2020_State_of_Legal_Market_LP_0…. Acesso em: 03 jul. 2020.

³ AB2L. Levantamento: o impacto do COVID-19 nos escritórios de advocacia, 2020. Disponível em: <https://conteudo.ab2l.org.br/levantamento-impacto-covid-19-nos-escritori…. Acesso em: 03 jul. 2020.

4THOMSON REUTERS. 2020 Report on the state of the Legal Marketop. cit.

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